segunda-feira, 5 de abril de 2010

Não Matarás


Não podemos chorar os nossos mortos?
Não Matarás (Dt 5,17; Ex 20,13).
Deus não quer a morte do pecador mas que ele se converta e viva (Ez 33,11).
            Diante de nosso luto pelo assassinato do jovem Epaminondas Marques da Silva e Padre Dejair Gonçalves de Almeida propomos estas reflexões para todos os que souberam dos fatos nos diversos meios de comunicação como também a todos aqueles que os conheciam e acompanharam este nosso sofrimento e as acusações que se seguiram.
Mataram o Jovem Epaminondas e o também jovem Padre Dejair, em desrespeito à Lei de Deus (Não matarás! Ex 20,13; Dt 5,17) e às Leis Brasileiras! Ninguém por nenhuma razão pode tirar a vida de outra pessoa, nem a sua própria.
Agora querem justificar o assassinato: quando se mata uma pessoa e diz que era traficante a sociedade aceita; no tempo do Regime Militar acusavam uma pessoa de comunista para poder assassiná-la e ser justificada pela sociedade; no Regime Nazista aceitavam que fossem assassinadas pessoas por serem judias, homossexuais, ciganas, padres, negras, etc.
Matar sem remorsos, sem arrependimento e ainda desclassificar a vítima é atitude de psicopata. Estamos aceitando isto como situação normal? Devemos ainda acusá-los, concordando com os assassinos? Devemos ter vergonha deles? Que tipo de sociedade é a nossa?
Os psicólogos costumam perguntar: “o que tem em você que a vida do outro lhe incomoda tanto?” Acusar o Epaminondas e Dejair de homossexuais para justificar o assassinato não será o desejo de matar no outro o homossexual que está em si? Não se está procurando um “bode expiatório” (cf. Lv 16,20-22) ou um “boi de piranha”? Matar o outro para justificar o seu pecado?
Matar Dejair e Epaminondas e ainda denegrir suas vidas, acusando-os? Eles não podem defender-se, estão mortos, não podem dar outra versão. Vamos ficar com a versão do criminoso? Não os estaremos matando de novo? Todos têm direito à boa imagem!
A questão mais séria: os homossexuais devem ser mortos?
Jesus no Evangelho que lemos neste domingo diz: quem tiver sem pecado atire a primeira pedra (cf. Jo 8,1-11). Quem, com sinceridade pode acusar e matar o outro?
Sabemos que muitas situações de transtornos de personalidade precisam de acompanhamento específico na área da psicologia e psiquiatria e alguns não podem conviver com os outros livremente, podem repetir os mesmos crimes. No Brasil há uma média de cem assassinatos a cada dia.
Deus nos criou por amor, insuflou-nos um hálito de vida, pertencemos a Ele (cf. Gn 1, 26-31). Mas Caim matou seu irmão Abel e Deus lhe perguntou: onde está seu irmão? Ele respondeu: acaso sou guarda do meu irmão?(cf. Gn 4,8-9). Caim matou seu irmão por inveja.
O pecado entrou no mundo desde o primeiro homem e misteriosamente está em todos (cf .Rm 5,15-21); fomos resgatados por Jesus Cristo mas continuamos tendentes ao pecado, sujeitos ao pecado. A Sagrada Escritura diz que só Jesus Cristo não cometeu pecado e a Igreja acrescenta que a Virgem Maria foi preservada do pecado original, fora deles ninguém mais, nem nós; somos do mesmo barro, necessitados da misericórdia e da salvação de Jesus Cristo, por isso não temos o direito de condenar e tripudiar sobre ninguém: “quem estiver de pé cuidado para não cair” (lCor 10,12). Cada um deverá prestar contas de seus atos diante do Deus de Jesus Cristo que é justo e misericordioso, nosso Pai criador, somos obras de suas mãos. Jesus Cristo na cruz rezou por todos os pecadores e criminosos dizendo “Pai perdoa-lhes, não sabem o que fazem”.
Este fato deve nos interpelar sobre nossas vidas, atitudes, buscas de Deus, relacionamento com os outros, o cuidado com a Igreja, com a missão, procurando evitar as situações de pecado como Jesus no deserto e em toda sua vida dando testemunhos que edificam uns aos outros. Pensamos que estas questões devem ser meditadas por todos, pois cada pessoa deve ser respeitada.
Arrozal, 21.03.10.
Equipe da Formação Diaconal da Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda.

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